O cuidado com a saúde da criança depende de qualidade técnica e de humanização
24/04/2023

Especialistas reunidos em Brasília defendem mais investimentos para a saúde da criança e do adolescente com condições complexas de saúde
O Congresso Internacional da Criança com Condições Complexas de Saúde — organizado pelo Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) em parceria com o Hospital Sant Joan de Déu, de Barcelona —, teve início na manhã desta segunda-feira (24). O evento reúne profissionais de diferentes áreas assistenciais interessados no tema “Tecnologias para o cuidado e para a cura”.

Na cerimônia de abertura do evento, a presidente do Congresso e superintendente-executiva do Hospital da Criança de Brasília José Alencar, Valdenize Tiziani (foto acima), destacou que o Congresso deve permitir um ambiente de troca de conhecimentos para que cada profissional possa ouvir e aprender da experiência do outro e, assim, construir um novo saber ampliado na perspectiva das necessidades das crianças.
“Hoje, a criança e o adolescente são vistos como cidadãos de direito, o que contribuiu para mudanças substanciais nas instituições de saúde pediátrica. Hoje, a criança não é mais um número de leito ou o nome de uma doença. Ela é tratada pelo seu nome. A prioridade no atendimento assegurada por instrumentos legais e robustos fizeram convergir o clamor de famílias, de cuidadores e do avanço moral de uma sociedade que passou a proteger a criança”, afirmou.

Para o presidente do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe), Francisco Duda (foto acima), o Congresso é uma forma de que os profissionais de saúde pediátrica busquem como aperfeiçoar o atendimento aos pacientes. “Que nós possamos crescer como pessoas e entender que, seja no Hospital Sant Joan de Déu ou no Hospital da Criança de Brasília, a cada dia precisamos acordar pensando que a criança merece sempre o melhor de nós.”

O conselheiro sênior do Departamento Internacional do Hospital San Joan de Déu, Antoni Arias Enrich (foto acima), pontuou que a cooperação entre hospitais como o San Joan de Déu e o HCB potencializa a capacidade de tratamento de crianças com condições complexas. “A atenção e os cuidados de saúde são locais, mas os problemas são globais. Estamos em um mundo multipolar. Cada vez mais é necessário cooperação entre países e entidades.”
Formas de cuidado
Representando a Organização Mundial da Saúde (OMS), o assistente do diretor-geral, Anshu Banerjee, ressaltou que “os programas de atenção à saúde da criança e do adolescente devem considerar a perspectiva do cuidado ao longo do curso de vida completo do indivíduo”.
Além disso, ele disse que “criança e adolescentes devem estar no centro do desenvolvimento de políticas de governo” e que “comunidades e famílias devem ser estimuladas a participar no planejamento e na implementação de políticas e programas de saúde para crianças e adolescentes”.
“Intervenções essenciais e os serviços de devem ser devem ser oferecidos a todos, em todos os lugares, adaptadas a necessidade e aos contextos próprios. Os programas devem assegurar um cuidado integrado, centrado na criança, no adolescente e na família, que promova saúde, desenvolvimento e bem-estar.”

Na avaliação do diretor do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência, órgão vinculado à Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, do Ministério da Saúde, Nilton Pereira Júnior (foto acima), a medicina pediátrica deve sempre buscar oferecer cuidado e qualidade de vida aos pacientes.
“O raciocínio clínico, o cuidado, a atenção, a humanização e todas as abordagens multiprofissionais são as tecnologias mais caras. Não do ponto de vista do recurso financeiro, mas do ponto de vista da importância e da produtividade”, salientou. Além disso, ele reafirmou a necessidade de ampliar a atenção a crianças e adolescentes com doenças complexas.

“Precisamos ampliar os leitos hospitalares, especialmente as UTIs pediátricas. Por meio de nossos programas nacionais, vamos fazer um grande esforço de provimento e fixação de especialistas em todo o Brasil. Isso inclui o intercâmbio de hospitais de alta complexidade, como o Hospital da Criança de Brasília, assim como residência médica.”A secretária de Saúde do Distrito Federal, Lucilene Florêncio (foto acima), comentou que o governo local quer investir em pesquisa para aperfeiçoar o tratamento para o público infanto-juvenil que lida com condições complexas de saúde.
“Nós precisamos lançar mão de todas as nossas pesquisas. O Hospital da Criança é um celeiro de construção de pesquisas, de formação de profissionais. Então, com esses profissionais sendo formados e a ciência ao dispor deles, eles podem construir novos caminhos”, frisou. Florêncio disse, ainda, que um intercâmbio internacional pode auxiliar nesse processo.
“Precisamos fazer um benchmarking com os outros países. Precisamos estar juntos com todos que estão participando do Congresso, conhecer as experiências deles ver o que podemos desenvolver aqui.”

A primeira-dama do DF e madrinha social do HCB, Mayara Noronha Rocha (Foto acima), também presente no evento, reforçou o investimento realizado para expandir o atendimento. “Quando a gente consegue avançar em inauguração de espaços físicos, na contratação de pessoal e no investimento em tecnologia, damos dignidade às famílias”, disse.

Coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde, Sônia Venâncio (foto acima), destacou que é preciso fortalecer o programa de promoção do aleitamento materno, a atenção primária à saúde e as campanhas de vacinação, além de investir em ações para reduzir a mortalidade infantil e na construção de linhas de cuidado.
“Para a gente conseguir fortalecer todas essas ações, é preciso a parceria do governo federal dos estados, dos municípios e de todas as instituições que trabalham com a gente. Só assim será possível oferecer cuidados integrais a todas as crianças. Que todos os conhecimentos compartilhados nesse Congresso possam efetivamente ser aplicados.”

(Foto acima) Solistas da Orquestra Filarmônica de Brasília regida pelo Maestro Thiago Francis na abertura do Congresso.
Lançamento
O primeiro dia do congresso contou com o lançamento de duas importantes publicações:
As publicações têm linguagem acessível, contam com recursos de imagens e QrCodes para vídeos. Também trazem informações complementares para auxiliar profissionais da saúde e da educação, bem como pais e cuidadores na estimulação oportuna e precoce de crianças de zero a seis anos.
Programação
O Congresso Internacional da Criança com Condições Complexas de Saúde vai durar até a próxima sexta-feira (28/4), com a realização de simpósios, mesas redondas, cursos e sessões de temas livres, que abordarão temas relativos à saúde global em pediatria, às tecnologias leves para o cuidado, priorizando a humanização, com temas como a experiência do paciente, o cuidado centrado na família, a deficiência e o cuidado paliativo.
Na terça-feira (25/4), a programação começa às 8h, com um simpósio de saúde global em pediatria especializada. Uma das palestrantes será a diretora técnica do HCB, Isis Magalhães, que vai fazer uma apresentação com o tema "Atenção terciária de doenças raras: desafios e um modelo singular de atenção à saúde".
A diretora clínica do Hospital da Criança, Elisa Carvalho, também vai participar. O tema da palestra dela será "Microbioma: uma janela de oportunidade para uma nova atenção pediátrica".
Durante a manhã, outros palestrantes do Congresso serão: Manel de Castillo, do Hospital Sant Joan de Déu; Dasu Sriram, da University of Southern California; Ruben Díaz, do European Children Hospitals Organization; Carlos Rodriguez-Galindo, do St. Jude's Research Hospital; Luiz Fernando Lopes, do Hospital de Amor; e Hannah Kuper, da London School of Hygiene & Tropical Diseases.
À tarde, a partir das 13h30, mais cinco médicos se apresentaram, entre eles José Carlos Córdoba do HCB, com uma palestra sobre cuidados paliativos. Completam a programação Andrea Nogueira, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal; Traci Wolbrink, do Boston Children's Hospital and Harvard Medical School; Sergi Navarro, do Hospital Sant Joan de Déu; e Ricardo Ghelman, da Universidade de São Paulo.