Diagnóstico precoce do retinoblastoma ajuda a salvar vidas

15/09/2022

O dia 18 de setembro é o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma – tumor maligno intraocular que tem maior incidência em crianças menores de 5 anos de idade. Na quinta-feira (15/09/2022), o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) e a Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF) mobilizaram profissionais de saúde para o lançamento da campanha nacional “De olho nos olhinhos”, idealizada pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, que enfatiza a importância do diagnóstico precoce. Quando o tratamento é iniciado logo no início da doença, é possível alcançar até 90% de chances de cura.

O retinoblastoma é considerado um tumor raro - o HCB recebe cerca de quatro crianças com a doença por ano. Devido à baixa incidência, a campanha é importante para manter a sociedade atenta aos sinais. “É muito difícil imaginar que vai surgir um tumor maligno dentro do olho de uma criança que nasceu saudável, então fazemos uma alerta para que pais e médicos se lembrem de examinar”, diz a diretora técnica do HCB, Isis Magalhães.

“Esse ano, a campanha é mais ampla e protagonizada por pais, que tiveram a coragem de vir a público mostrar o momento pelo que estão passando com o tratamento. Nós, médicos oncologistas, aderimos no sentido de que ela vem ao encontro do que precisamos: que o diagnóstico seja precoce e mais vidas sejam salvas”, completa a diretora. O ideal é que o diagnóstico seja fechado na fase inicial da doença, quando o tumor ainda está dentro do globo ocular da criança. Quando ele cresce e se infiltra no nervo ótico e no sistema nervoso, o prognóstico é pior e as chances de cura diminuem.

Sinais de alerta

Os pais devem estar atentos para identificar potenciais sintomas do retinoblastoma:

• Reflexo branco nos olhos - o chamado “olho de gato”, quando a criança é fotografada com flash

• Estrabismo - o movimento dos olhos não é simétrico

• Redução da visão

Caso percebam estes sinais, é importante procurar ajuda médica. No Distrito Federal, as crianças são encaminhadas pelo pediatra da atenção primária ou pelo oftalmologista e, uma vez que se tornem pacientes do Hospital da Criança de Brasília, dão início ao tratamento.

Após verificar a extensão da doença e realizar os exames de imagem, os especialistas do HCB discutem cada caso com os dois centros parceiros: a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca), do Hospital Santa Marcelina, e o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc) - ambos em São Paulo. O plano terapêutico de cada criança é executado tanto no HCB quanto nas instituições parceiras, que contam com serviço oftalmológico especializado em retinoblastoma e quimioterapia intra-arterial.

Segundo Isis Magalhães, a adesão de pediatras e oftalmologistas à campanha é de suma importância, para que cumpram corretamente o fluxo de atendimento das crianças com retinoblastoma e não “pulem” o encaminhamento ao HCB. “O trabalho precisa ser conjunto; em algumas etapas do tratamento, a criança pode necessitar de quimioterapia sistêmica e de um hospital de referência, para que receba atenção integral durante episódios e complicações do tratamento. Ao se depararem com algum caso suspeito, o ideal é que os médicos encaminhem a criança ao serviço de oncologia referência aqui de Brasília, que é o Hospital da Criança de Brasília”, explica Magalhães.

Agilidade salva vidas

Ana Vitória Conceição, 11 anos, tinha quatro anos de idade quando a família percebeu que havia algo errado com seus olhos. “Eu vi que um olho dela era castanho e o outro não, mas não sabia que ela tinha perdido a visão daquele olho; tampei e ela ficou agoniada, não conseguia andar direito”, conta Iara da Conceição, mãe da menina. Preocupada, ela procurou ajuda.

“Levei até o Hospital Universitário de Brasília (HUB), numa consulta que na verdade era da minha mãe; a médica olhou, viu que era câncer e deu o encaminhamento para tratar”, diz Iara. A profissional que atendeu Ana Vitória deu início ao fluxo de atendimento correto, garantindo a agilidade no tratamento da criança: a menina foi encaminhada para o Hospital da Criança de Brasília e depois para a Tucca, do Hospital Santa Marcelina.

“Hoje, a Ana Vitória está com 11 anos de idade e usa prótese; também continua o tratamento no HCB e na Tucca, precisa acompanhar pela vida toda. A gente descobriu a doença tarde, já com quatro anos, mas a rapidez para começar o tratamento salvou a vida dela”, explica Iara.

 

Texto: Maria Clara Oliveira